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Obesidade

Transtorno de Compulsão Alimentar: precisamos estar atentos!

Escrito por Luciano Albuquerque

Maria vinha ganhando peso nos últimos anos. Referia episódios de consumo alimentar excessivo, principalmente a noite, onde comia “tudo que estivesse por perto”. Relatava perda de controle que durava em torno de 90 minutos. O quadro vinha gerando angústia importante. Após conversa com amigos, foi levantada a ideia de depressão e ela resolveu buscar ajuda.

O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) passou a figurar no manual de diagnóstico de condições de saúde mental (DSM) há 10 anos. Trata-se do transtorno alimentar mais frequente. Os números exatos variam, mas de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, quase 3% da população daquele país teve transtorno de compulsão alimentar em algum momento de suas vidas, mais que o dobro dos números relatados para bulimia nervosa e anorexia.

No entanto, a doença é pouco discutida e pouco reconhecida tanto pelo público em geral quanto pela área médica, em parte porque muitos não sabem sobre o diagnóstico ou sua potencial gravidade.

Os critérios padronizados para o diagnóstico são os descritos na ultima revisão do DSM:

– A compulsão alimentar ocorre, em média, pelo menos 1 vez/semana por 3 meses

– Os pacientes têm sensação de falta de controle em relação à alimentação

Além disso, pelo menos 3 dos seguintes critérios deve estar presente:

– Comer muito mais rápido do que o normal

– Comer até se sentir desconfortavelmente cheio

– Comer grandes quantidades de alimento quando não se sentindo fisicamente com fome

– Comer sozinho por vergonha

– Sentir-se nauseado, deprimido ou culpado depois de comer excessivamente

O TCAP é diferenciado da bulimia nervosa (que também envolve episódios de compulsão alimentar) pela ausência de comportamentos compensatórios (p. ex., vômitos, excesso de exercícios, jejum prolongado, uso de laxantes ou diuréticos.

A terapia cognitivo-comportamental é o tratamento padrão para o transtorno da compulsão alimentar periódica. Outro padrão de psicoterapia, a terapia interpessoal, parece ser igualmente eficaz. Entre as opções de tratamento farmacológico a única droga aprovada para o TCAP é a lisdexanfetamina. A medicação reduz o número de episódios compulsivos. Pode ocorrer perda ponderal, embora esse não seja o objetivo primário do tratamento. Antidepressivos (p. ex., ISRSs) também têm eficácia, com dados limitados ao curto prazo. Fármacos anti-obesidade como liraglutida, semaglutida, orlistate ou mesmo topiramato também podem ser úteis.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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