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Obesidade

Bupropiona/naltrexona: mais uma opção no tratamento da obesidade

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Escrito por Erik Trovao

No final de 2021, a ANVISA aprovou a associação de ação prolongada bupropiona/naltrexona (nome comercial: contraveÒ) para tratamento da obesidade no Brasil. No entanto, apenas agora no primeiro semestre de 2023, que a medicação está chegando para comercialização nas farmácias brasileiras. Portanto, é essencial que a gente conheça as principais características desta nova associação para que possamos indicar com segurança aos nossos pacientes:

  1. Mecanismo de ação: por ser uma associação de duas substâncias com ação no sistema nervoso central, a medicação tem efeito duplo no centro do apetite. A bupropiona, um inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina, age nos neurônios anorexígenos do núcleo arqueado, estimulando a secreção de POMC. Esta molécula é clivada liberando alguns hormônios: o ACTH, o MSH, que propagará o efeito anorexígeno no hipotálamo, e a beta-endorfina que, por retroalimentação negativa, inibirá a secreção da POMC. O papel da naltrexona é exatamente bloquear a ação da beta-endorfina, impedindo a retroalimentação e potencializando, assim, o efeito estimulatório da bupropiona.

  1. Eficácia: o Contrave Obesity Research (COR) avaliou indivíduos com e sem diabetes e demonstrou perda de peso significativamente maior no grupo de intervenção: média de 5% de perda versus 1,5% no grupo placebo. O seguimento foi de 56 semanas e 45% dos indivíduos em uso da bupropiona/naltrexona alcançaram mais de 5% de perda de peso contra 19% no grupo placebo.

  1. Efeitos adversos: náuseas, vômitos e cefaleia foram os efeitos colaterais mais associados à descontinuação da associação bupropiona/naltrexona nos ensaios clínicos. Outros efeitos relatados foram: constipação intestinal e tonturas. Para reduzir a chance destes efeitos e o risco de descontinuação, a dose da medicação deve ser titulada, com aumento progressivo.

  1. Contraindicações: alguns pacientes não devem iniciar a associação bupropiona/naltrexona:

  1. Hipertensão descontrolada
  2. Transtorno convulsivo ou histórico de convulsões
  3. Descontinuação abrupta de álcool, benzodiazepínicos, barbitúricos e drogas anticonvulsivantes
  4. Uso concomitante de inibidores da monoaminoxidase
  5. Insuficiência hepática grave
  6. Doença renal terminal
  7. Distúrbio pibolar
  8. Uso crônico de agonistas opioides

  1. Posologia: o comprimido vem na dose de 8mg/90mg (8mg de naltrexona e 90mg de bupropiona) e deve ser titulado semanalmente até a dose máxima de 32mg/360mg ao dia:
    1. Primeira semana: 1 comprimido pela manhã
    2. Segunda semana: 1 comprimido pela manhã e 1 comprimido à noite
    3. Terceira semana: 2 comprimidos pela manhã e 1 comprimido à noite
    4. Quarta semana: 2 comprimidos pela manhã e 2 comprimidos à noite

Embora a eficácia da associação bupropiona/naltrexona não seja comparável a outras medicações disponíveis, como os análogos de GLP1, ela vem somar ao limitado arsenal terapêutico que temos disponível para o tratamento da obesidade.



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Sobre o autor

Erik Trovao

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