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Neuroendrócrino

Prolactinoma e gravidez: o que diz o novo consenso brasileiro

Escrito por Erik Trovao

O novo consenso brasileiro sobre tratamento da hiperprolactinemia elaborado pelo Departamento de Neuroendocrinologia da SBEM dedica um tópico sobre prolactinoma e gravidez, dando recomendações sobre o tratamento e o seguimento dos prolactinomas em mulheres gestantes. Muitas vezes, a queixa principal da mulher com hiperprolactinemia é a infertilidade e o endocrinologista tem que estar preparando para a condução correta do caso uma vez que esta mulher engravide.

Sabemos que os altos níveis de estrógeno durante a gestação podem estimular o crescimento tumoral do prolactinoma. Este efeito, porém, depende do tamanho inicial da lesão. Desta forma, o risco de crescimento de microprolactinomas é de apenas 2,5%, enquanto este risco é bem maior para macroprolactinomas: 20%. Os autores elencam alguns fatores que diminuem o risco deste crescimento: tratamento com agonista dopaminérgico por mais de 1 ano, adenomas pequenos e níveis baixos de prolactina antes da gestação.

Considerando o baixo risco de crescimento no caso de microprolactinomas, a conduta orientada pelos autores é a suspensão do agonista dopaminérgico assim que a gestação for confirmada. Durante a gravidez, a paciente deve ser acompanhada a cada 3 meses sendo questionada sobre sintomas que possam sugerir crescimento tumoral: cefaleia e alteração visual.

Em casos de macroprolactinoma, devemos orientar a mulher a aguardar pelo menos 1 ano de tratamento medicamentoso antes de engravidar, objetivando reduzir o tamanho tumoral para menos que 1cm. Caso a redução aconteça, podemos considerar a suspensão da cabergolina em caso de gestação. O seguimento durante a gravidez deve ser mensal para a avaliação de sintomas sugestivos de crescimento do adenoma. Independente da presença de sintomas visuais, pode-se considerar o seguimento com campimetria.

Se a mulher referir cefaleia ou alteração do campo visual ou se houver alteração da campimetria, devemos solicitar ressonância magnética sem contraste. Se o crescimento tumoral for confirmado, o agonista dopaminérgico deve ser reiniciado.

Já naquelas mulheres com macroadenoma que engravidam, mas que estavam em tratamento por menos de 1 ano ou na qual não houve redução tumoral, devemos considerar a manutenção da cabergolina durante a gestação, especialmente se o tumor estiver próximo ao quiasma óptico. O seguimento durante a gravidez também deve ser mensal e baseado na sintomatologia, como especificado acima.

Os autores também consideram a possibilidade de tratamento cirúrgico prévio em casos de macroadenoma para melhorar as chances de gestação. Mas alertam para o risco de hipogonadismo como complicação do procedimento.

Vale ressaltar que não há indicação de seguimento durante a gestação com dosagens séricas de prolactina, uma vez que seus níveis já se encontram fisiologicamente bastante elevados.



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Sobre o autor

Erik Trovao

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