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Diabetes

Finerenona: há benefícios na combinação com iSGLT2?

rins
Escrito por Ícaro Sampaio

Diversas evidências suportam um papel fisiopatológico da superativação do receptor mineralocorticoide nas doenças cardiovasculares e renais, incluindo a insuficiência cardíaca e a hipertensão. Os antagonistas dos receptores de mineralocorticoides tornaram-se importantes estratégias de tratamento desses distúrbios. Atualmente, os agentes mais utilizados incluem a espironolactona e a eplerenona, ambos antagonistas esteroidais que se ligam ao receptor mineralocorticoide de forma semelhante ao seu ligante natural, a aldosterona.

A finerenona é um novo antagonista do receptor mineralocorticoide, não esteroidal e seletivo, aprovado para uso em adultos com doença renal associada ao diabetes mellitus. Tal agente foi estudado em pacientes tomando doses máximas toleradas de inibidores da ECA ou BRA. Mas, devido às recomendações atuais para o uso de um inibidor do SGLT2 (iSGLT2) em pacientes com doença renal do diabetes, seu uso combinado com finerenona desperta interesse.

Recentemente foi publicada uma análise conjunta dos estudos FIDELIO-DKD e FIGARO-DKD, na qual os autores examinaram o efeito da finerenona em desfechos cardiovasculares e renais em pacientes tomando um iSGLT2. Foram analisados pacientes com DM2, que estavam recebendo uma dose máxima tolerada de um inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona e apresentavam razão albumina/creatinina na urina ≥30 a ≤5.000 mg/g, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ≥25 mL/min/1,73 m2. Os participantes foram aleatoriamente designados para finerenona ou placebo. O uso de iSGLT2i foi permitido a qualquer momento.

Entre 13.026 pacientes, 6,7% receberam um iSGLT2 no início do estudo e 8,5% iniciaram  uso da medicação durante o estudo. Para o desfecho cardiovascular, as razões de risco (HRs) foram 0,87 (IC 95% 0,79–0,96) sem iSGLT2 e 0,67 (IC 95% 0,42–1,07) com iSGLT2. Para o composto renal, os HRs foram 0,80 (IC 95% 0,69–0,92) sem gliflozina e 0,42 (IC 95% 0,16–1,08) com gliflozina. O uso inicial de um iSGLT2 não afetou a redução do risco para os compostos cardiovasculares ou renais com finerenona (p = 0,46 e 0,29, respectivamente).

A análise FIDELITY sugere que a finerenona proporciona benefícios nos resultados renais e CV em adultos com DRC e DM2, independentemente do tratamento com iSGLT2. No entanto, o papel das terapias combinadas para proteção cardiorrenal permanece desconhecido. Ensaios randomizados devem avaliar prospectivamente se a combinação da finerenona com um iSGLT2 forneceria proteção adicional contra insuficiência cardíaca e renal.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor e Professor do AfyaEndocrinopapers
Professor de endocrinologia da Medcel
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife

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