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Lípides

Apolipoproteína B na avaliação de risco cardiovascular

Escrito por Luciano Albuquerque

A Apolipoproteína B (apoB) é a partícula estrutural das lipoproteínas aterogênicas VLDL, IDL, LDL e Lp(a) originadas do fígado (ApoB100) e dos remanescentes da via exógena do metabolismo (apoB48). Em diretrizes mais recentes, a dosagem da apoB vem ganhando destaque na avaliação do risco cardiovascular. Reunimos alguns dos principais pontos considerados:

1- A dosagem da ApoB é uma alternativa recomendada ao LDL-C

A diretriz da Sociedade Cardiovascular Canadense de 2021 sobre dislipidemia recomenda a avaliação dos níveis de Colesterol não-HDL ou apoB como alternativas ao LDLc para triagem e alvos de tratamento. A medida da apoB estima o número total de partículas aterogênicas, uma vez que está presente na proporção de uma partícula de ApoB por cada partícula de VLDL, IDL, LDL e Lp(a).

2- Apolipoproteína B prevê com maior precisão o risco cardiovascular

A aterosclerose está mais intimamente associada ao número de partículas de lipoproteínas contendo apoB do que à concentração de colesterol. Entre dois indivíduos com níveis similares de LDLc, aquele com apoB mais elevada tem maior número de partículas pequenas e densas, mais aterogênicas.

Ensaios clínicos avaliando o tratamento com estatinas, ezetimiba e iPCSK9 indicam que os níveis de apoB predizem com maior precisão o risco de doença cardíaca coronária do que os níveis de LDLc ou não-HDLc.

3- Como usar o marcador na prática clínica?

A diretriz Canadense recomenda tratamento com estatinas, somado às modificações no estilo de vida, para pacientes com risco intermediário e nível de apoB superior a 105 mg/dL. Para pacientes com doença cardiovascular estabelecida (alto risco), a intensificação da terapia hipolipemiante está indicada quando apo B > 70 mg/dL.

4- A apolipoproteína B tem vantagens práticas sobre outras medidas

A dosagem da apoB tem baixo custo e é tecnicamente fácil de ser realizada. Em contraste com o LDLc e o não-HDLc, que são calculados, a apoB é medida diretamente. A dosagem da apoB não requer jejum e não sofre interferência quando os triglicerídeos estão elevados ou o LDL-C está muito baixo devido ao tratamento.

5- Alguns pacientes com níveis de LDLc na meta apresentam níveis elevados de apolipoproteína B

Os níveis de apoB e LDLc são discordantes em 20% dos pacientes, principalmente naqueles em uso de estatina, com triglicerídeos elevados, diabetes tipo 2 ou obesidade, grupos com risco cardiovascular elevado.

Neste contexto, a quantificação de partículas aterogênicas circulantes ganha maior relevância e um nível elevado de apoB prediz um risco maior de doença cardiovascular aterosclerótica.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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