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Lípides

A vitamina D reduz o risco de sintomas musculares relacionados às estatinas?

Escrito por Erik Trovao

Os sintomas musculares relacionados às estatinas estão entre as principais causas de descontinuação do tratamento hipolipemiante com esta classe de medicamentos. Alguns fatores de risco têm sido associados à sua ocorrência, como hipotireoidismo, diabetes, etilismo e deficiência de vitamina D; e recente guideline da National Lipid Association reforçou que a correção destes fatores poderia reduzir o risco de intolerância às estatinas.

Mas será que a suplementação de vitamina D e a correção da sua deficiência realmente reduz a ocorrência de sintomas musculares relacionados às estatinas? Ao longo dos últimos anos, alguns estudos observacionais sugeriram que sim, mas nenhum ensaio clínico randomizados tinha sido feito até então.

No entanto, um ensaio clínico duplo-cego sobre o tema foi publicado recentemente no JAMA Cardiology. O estudo teve o objetivo de avaliar se a suplementação de vitamina D seria associada com a prevenção dos sintomas relacionados às estatinas e da descontinuação da droga.

Foram incluídos 2083 participantes (49% do sexo feminino), com uma média de idade de 66,8 anos, divididos em dois grupos: o de intervenção, que recebeu 2000 UI ao dia de vitamina D; e o placebo.

Ao final do estudo, 31% dos participantes do grupo recebendo vitamina D tiveram sintomas musculares relacionados às estatinas; o mesmo ocorreu com 31% no grupo placebo. Quanto à descontinuação da droga, esta ocorreu em 13% dos participantes em cada grupo. Portanto, não houve nenhuma diferença entre os dois grupos em relação aos desfechos do estudo.

Uma pergunta que vem imediatamente à mente é: mas os participantes do estudo apresentavam deficiência de vitamina D? Dois terços dos indivíduos possuíam dosagem basal de 25-hidroxivitamina D, sendo que, destes, 47% tinham níveis abaixo de 30 ng/ml e 13% níveis < 20 ng/ml.

Quando analisados os pacientes com níveis basais de vitamina D < 30 ng/ml, os sintomas musculares ocorreram em 27% dos participantes no grupo de intervenção contra 30% no grupo placebo, sem diferença significativa. Já no subgrupo com níveis < 20 ng/ml, a ocorrência de sintomas foi de 33% contra 35%, também sem diferença.

Concluiu-se, portanto que, diferente do que estudos anteriores sugeriam, a suplementação de vitamina D não reduz a ocorrência de sintomas musculares relacionados às estatinas nem diminui a descontinuação do tratamento.



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Sobre o autor

Erik Trovao

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