Há evidências de que o diabetes mellitus gestacional (DMG) aumenta o risco a longo prazo de DM2, morbidade cardiovascular e doença renal materna, assim como aumenta o risco de DM2, obesidade e morbidade neuropsiquiátrica na prole. Desta forma, para reduzir a incidência de DMG e seus resultados perinatais adversos, devem ser implementadas estratégias eficazes e direcionadas de redução de risco entre aquelas mulheres consideradas de alto risco.
Estudo publicado recentemente no JAMA Network Open buscou avaliar o efeito da interação entre presença de predisposição genética para DMG e a prática de exercício físico sobre o risco diabetes gestacional. Veja algumas características do estudo:
- A população para o estudo incluiu apenas mulheres brancas de ascendência europeia que participaram da coorte observacional Nulliparous Pregnancy Outcomes Study: Monitoring Mothers to Be;
- A predisposição genética para DMG foi avaliada através do escore de risco poligênico (PRS) para DM2;
- A atividade física total autorreferida no início da gravidez foi quantificada como equivalentes metabólicos da tarefa (METs);
Foram observados os seguintes resultados:
- No total, 3.533 mulheres foram incluídas
- Em subgrupos populacionais de alto risco (índice de massa corporal ≥25 ou idade ≥35 anos), indivíduos com PRS alto ou baixos níveis de atividade física tiveram chances aumentadas de diagnóstico de DMG de 25% a 75% .
- Quando comparados com a população geral, os participantes com PRS alto e baixos níveis de atividade tiveram maiores chances de diagnóstico de DMG (odds ratio, 3,4 [IC 95%, 2,3-5,3]).
- Por outro lado, os participantes com PRS baixo e níveis elevados de atividade física tiveram risco significativamente reduzido de um diagnóstico de DMG (odds ratio, 0,5 [IC 95%, 0,3-0,9]; P = ,01).
Os resultados deixam claro que o risco de diagnóstico de DMG aumenta significativamente para indivíduos com PRS alto, bem como para aqueles com baixos níveis de atividade física. A atividade física no início da gravidez está associada à redução do risco de DG e reversão do excesso de risco em indivíduos com forte predisposição genética.
O achados citados são consistentes com as evidências existentes sobre a importância dos fatores de estilo de vida no risco de diabetes gestacional e fornecem suporte para o estímulo à atividade física nessa fase da vida.