Qual é a novidade?
A finerenona é um antagonista do receptor mineralocorticoide não esteroide, atualmente recomendado pela American Diabetes Association – ADA e pelo Kidney Disease: Improving Global Outcomes – KDIGO para pacientes com doença renal do diabetes. No dia 16 de janeiro de 2023 tivemos a aprovação do registro da finerenona pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com o nome comercial de Firialta, sendo agora uma questão de pouco tempo para que a medicação esteja disponível no mercado brasileiro.
Qual é a particularidade da finerenona?
Atualmente, os inibidores da enzima conversora (IECA) ou bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA), assim como os inibidores do SGLT2 (iSGLT2) são considerados terapia de primeira linha para pacientes com doença renal do diabetes. Uma outra estratégia para reduzir a progressão da DRD é a utilização de bloqueadores dos receptores mineralocorticoides, como a espironolactona. No entanto, esse agente tem uso limitado pela essa finalidade, em grande parte devido a preocupações de segurança em relação ao potencial desenvolvimento de hipercalemia, ginecomastia e disfunção erétil. Mais recentemente, foram desenvolvidos antagonistas do receptor mineralocorticoide usando moléculas não esteroides que aumentam mais seletivamente os benefícios e minimizam os riscos devido à alteração da afinidade do receptor e do tropismo tecidual, que é o caso da finerenona.
Quais são as evidências de benefício?
Recentemente, dois ensaios clínicos demonstraram os benefícios renais e cardiovasculares do uso da finerenona em pacientes com doença renal. No estudo FIDELIO-DKD, o tratamento com finerenona reduziu em 18% o risco de desfecho primário composto por insuficiência renal, redução de pelo menos 40% da TFG em relação ao basal ou óbito por causas renais. No estudo FIGARO-DKD, o desfecho primário (morte de causa CV, AVC não fatal, IAM não fatal, hospitalização por IC) ocorreu em 12,4% no grupo de finerenona versus 14,2% no grupo de placebo (redução do risco de 13%; p=0,03), com o benefício impulsionado principalmente por uma menor incidência de hospitalização por insuficiência cardíaca.
Quando a finerenona deve ser recomendada?
O guideline 2022 do KDIGO sobre doença renal do diabetes, sugere utilizar um antagonista do receptor mineralocorticoide não esteroide com benefício renal ou cardiovascular comprovado para pacientes com DM2, que apresentem TFGe > 25 ml/min por 1,73 m2, concentração sérica normal de potássio e albuminúria > 30 mg/g, apesar da dose máxima tolerada de IECA ou BRA. O documento destaca ainda que a finerenona pode ser associada ao tratamento padrão com um IECA/BRA e um iSGLT2. No caso da espironolactona, deve ser usada para tratamento de insuficiência cardíaca, hiperaldosteronismo ou hipertensão, mas pode causar hipercalemia ou um declínio reversível na filtração glomerular, particularmente entre pacientes com baixa TFG.
Como prescrever?
Se potássio sérico ≤ 4,8 mmol/l ( considerar uso também se entre 4,8-5,0 mmol/l)
- Iniciar finerenona 10mg quando TFGe 25–59 ml/min per 1.73 m2
- Iniciar finerenona 20mg/dia quando TGFe ≥60 ml/min per 1.73 m2
- Monitorar potássio sérico após 01 mês do início e então a cada 04 meses
Após 01 mês, ajustar dose de acordo com potássio sérico
- K ≤ 4,8 mmol/l : ajustar dose para 20 mg , se em uso de 10mg.
- K 4,9 a 5,5 mmol/l: continuar finerenona 10 ou 20 mg
- K > 5,5 mmol/l: interromper a droga. Avaliar outros medicamentos e fatores dietéticos que possam estar contribuindo para hipercalemia. Considerar reiniciar se K ≤ 5,0 mmol/l.