Entendendo o problema
Os inibidores do cotransportador de sódio e glicose 2 (iSGLT-2) têm sido frequentemente usados no tratamento do diabetes melltus tipo 2 (DM2), insuficiência cardíaca e doença renal crônica. Eles exercem seu efeito através da inibição do transportador de sódio e glicose 2 (SGLT-2) no túbulo proximal do rim, independentemente da insulina, aumentando a excreção urinária de glicose. Foi demonstrado que os iSGLT-2 estão associados a um risco aumentado de infecções micóticas genitais, especialmente naqueles com história prévia. Os resultados que indicam a associação de infecção do trato urinário (ITU) com iSGLT-2 não foram tão consistentes quanto os relativos à associação de infecções genitais micóticas.
A incidência de ITU varia significativamente entre os ensaios. Não houve diferença significativa na incidência de ITU entre grupos iSGLT2 e placebo na maioria dos estudos, exceto pela maior incidência no grupo ertugliflozina no VERTIS CV e no grupo empagliflozina no Ensaio EMPEROR-Preserved (9,9% vs 8,1%).
Manejo prático
Os benefícios dos iSGLT2 geralmente superam o risco de infecções genitourinárias, mesmo entre aqueles com fatores de risco. Uma história de infecções não complicadas não é uma contraindicação para uso dos iSGLT2. Pacientes com infecções recorrentes devem ser avaliados para fatores de risco subjacentes e pode ser possível usar as gliflozinas com segurança se a etiologia subjacente tiver sido removida.
Em pacientes com diabetes, o controle glicêmico adequado diminuiria ainda mais o risco de infecção, particularmente de infecções micóticas genitais. Não há papel para profilaxia antimicrobiana ou terapia antimicrobiana preventiva. Solicitar uma urocultura antes de iniciar um iSGLT2 também não é recomendado, pois a bacteriúria assintomática não é contraindicação.
A descontinuação temporária do iSGLT2 pode ser considerada necessária no contexto de infecções potencialmente fatais. No entanto, a maioria das infecções genitourinárias são leves e podem ser tratadas eficazmente mantendo as gliflozinas, seguindo as recomendações habituais para tais infecções. No entanto, na prática do mundo real, o iSGLT2 acabam descontinuados desnecessariamente, mesmo em pacientes de alto risco, nos quais os benefícios superam esmagadoramente os riscos. Num grande estudo observacional, a infecção genital micótica foi associado à descontinuação subsequente de SGLT2i de 32% ao longo de 1 ano. A taxa de descontinuação de SGLT2i após ITU na prática de rotina é desconhecida.
Referência: Kittipibul, V, Cox, Z, Chesdachai, S. et al. Genitourinary Tract Infections in Patients Taking SGLT2 Inhibitors: JACCReview Topic of the Week. J Am Coll Cardiol. 2024 Apr, 83 (16) 1568–1578.