A atividade física deve ser incentivada como parte do tratamento do diabetes tipo 1 (DM1). A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a American Diabetes Association têm recomendações atualizadas sobre o tema. Vamos aos principais pontos?
É recomendado um mínimo de 150 minutos de exercício aeróbico de moderada ou vigorosa intensidade, combinado com 2 ou 3 sessões de treinamento resistido, semanalmente. Além dos potenciais benefícios sobre o controle glicêmico, existem benefícios adicionais importantes, como redução do risco cardiovascular, promoção do bem-estar, controle do peso, melhora da força muscular e do condicionamento físico, além de redução do colesterol LDL e triglicerídeos.
Antes da prescrição da atividade física, é necessária a avaliação do risco cardiovascular, de acordo com a tabela de estratificação de risco da SBD. Entretanto, não há indicação rotineira de exames complementares. Casos classificados como alto ou muito alto risco, ou aqueles que pretendem realizar exercícios de alta intensidade, devem ser rastreadas inicialmente com eletrocardiograma de repouso. Exames adicionais podem ser solicitados, dependendo da análise individual de cada caso.
Em pessoas com DM1, é recomendado consumo de carboidrato (0,5 a 1g/kg/h) a partir do início da atividade. Além disso, deve ser realizado monitoramento da glicose antes, durante e após o exercício físico, para minimizar a variação da glicemia e o risco de hipoglicemia. Se glicemia pré-exercicio < 90mg/dl, está indicado consumo de 15 a 30g de carboidrato antes de iniciar a atividade. Já para casos com glicemia > 250mg/dl devem testar para cetonas e evitar exercícios de alta intensidade. A monitorização contínua da glicose intersticial pode ajudar nessa adaptação, inclusive com a utilização das setas de tendência na quantificação do consumo de carboidratos.
Em relação ao esquema de insulinoterapia, pode ser necessário ajustar a de dose de bolus de insulina para refeições que antecedem em até 90 minutos os exercícios. Para exercícios leves, reduzir em 25%, moderados 50% e intensos 75%. Reajustar de acordo com a monitorização. Atenção para evitar a redução excessiva da dose de insulina que, associado à ingestão de carboidratos, pode levar a hiperglicemia após o exercício físico.
A avaliação das complicações microvasculares também é mandatória. Pessoas com retinopatia devem ser tratadas efetivamente antes de iniciar programas de exercício. Pessoas com neuropatia periférica devem ser orientadas a usar calçados apropriados e a realizar o autoexame dos pés sempre antes e após exercícios. Poderão fazer exercícios físicos resistidos, como levantamento de pesos, desde que não apresentem úlceras nos pés.